segunda-feira, 22 de março de 2010

Vida Atrás das Grades


O sistema prisional em Portugal tende a funcionar de uma maneira retrógrada, ineficaz, precária que visa a padecer de respostas aos problemas sociais na nossa sociedade. A ocupação dos estabelecimentos prisionais ultrapassa os 100% e não conseguem dar resposta às necessidades de acolhimento de todos os reclusos. Há casos de ocupação de 234% como a de Elvas e mesmo em Portimão com uma taxa de 214%. Os estabelecimentos começam a ser poucos e pequenos para tantos presidiários, o que origina de facto uma fraca resposta por parte do estado à justiça em Portugal. Para além do excesso de utentes nos estabelecimentos, as condições básicas de sustentabilidade de vida são muitas vezes quebradas com a agressão, a violação e o ataque constante a que estes são sujeitos. Não se trata de tratar bem um criminoso, mas sim, de garantir os cuidados mínimos de vida a um ser Humano. Os relatórios impiedosos de vítimas de agressão têm vindo à tona da água, e cada vez mais se sabe o abuso de poder que se vive dentro das quatro paredes de um estabelecimento prisional. Os utentes são espancados, são expostos a torturas inacreditáveis e atrozes à dignidade. Dentro da prisão existem grupos formados os quais entram em rivalidade constantemente. Conflitos estes de que resultam graves feridos e por vezes mortes. Estes conflitos fazem desencadear climas de tensão e stress que originam castigos a todos os culpados e uma corrente de comportamentos violentos aos quais a resposta não é menos violenta. O problema aqui passa não só pela problemática das pessoas em questão, mas também desta filosofia de vida que se vive. Se tudo gira em volta da violência, normal é que origine mais violência. Se a agressão é motivo de hierarquia, natural é que todos queiram atingir o topo atacando a fraqueza dos que os rodeiam. Há que mudar, há que fazer um esforço e tentar agir de uma maneira diferente não recorrendo à morte e ao espancamento como forma de espectáculo aplaudido.

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